Resumos


HISTORIOGRAFIA E FONTES PARA A DIPLOMACIA MEDIEVAL


Les voies de la recherche sur la diplomatie en Occident au Moyen Âge
Dr. Stéphane Péquignot (École Pratique des Hautes Études)

Pendente


Os agentes da comunicação política na cronística portuguesa da Baixa Idade Média: as embaixadas na historiografia da primeira metade do séc. XV
Dra. Covadonga García Valdaliso (CHSC - Universidade de Coimbra / CH - Universidade de Lisboa)

O primeiro capítulo da Crónica de D. Fernando de Fernão Lopes narra as embaixadas que os monarcas dos maiores territórios peninsulares, as Coroas de Castela e Aragão, enviaram ao rei quando herdou o trono. A escolha destas embaixadas como temática do capítulo que abre o relato não deve ter sido casual. De facto, quando observadas no seu conjunto, as embaixadas referidas nesta crónica traçam – junto com as cartas e os encontros entre monarcas – uma rede de comunicação política que, do ponto de vista narrativo, parece ter sido conscientemente desenhada. A análise desta rede deve ser feita no contexto da produção historiográfica promovida por D. Duarte, que inclui a refundição da Crónica de Espanha de 1344, a chamada Crónica de 1419, e as crónicas dos reinados de D. Pedro, D. Fernando e D. João I – tradicionalmente atribuídas a Fernão Lopes. O programa político que subjaz por trás destes escritos condicionou – e, em consequência, explica – o lugar que ocupam as embaixadas e os seus agentes dentro deles


(Comparing) Medieval Letters as Sources for Diplomacy in Portugal
Dr. Tiago Faria (IEM - Universidade Nova de Lisboa)

Established as an autonomous polity during the twelfth century and consolidated thereafter around definable political and administrative structures, Portugal came to sit naturally in the constellation of later medieval western powers. Thoughout this process, the kingdom kept continued efforts towards maintaining and reinforcing its independence, along with a movement of “expansion and discovery” towards Africa starting in the second half of the fourteenth century. Portugal’s diplomatic activity was therefore ceaseless and intense. Letter exchanges were part and parcel of it. Despite their outstanding importance as vehicles of communication but especially as tools of political assessment, negotiation, and resolution, the letters written and received by the Portuguese royals have never been thoroughly traced, not even to mention looked at in a meaningful, comparative way. This paper offers an early assessment of  the epistolary corpus of medieval Portugal from the diplomatic angle.



Diplomacia y diplomática: un análisis de las fuentes documentales de la diplomacia medieval
Dr. Néstor Vigil Montes (CIDEHUS - Universidade de Évora)

Diplomacia y Diplomática son dos términos muy similares que en ocasiones incluso tienden a la confusión, ambos tratan sobre dos disciplinas que están más relacionadas entre sí de lo que los estudios han demostrado hasta la actualidad. Algunos especialistas en diplomacia medieval como Queller, Cuttino o Pécquignot han analizado el documento de la diplomacia desde el punto de vista de las fuentes, pero el único estudio que trata directamente sobre la diplomática de los documentos emanados de la actividad diplomática, ha sido publicado recientemente bajo la dirección del profesor Olivier Poncet del L'École des Chartes con el título "Diplomatique et diplomatie : les traités (Moyen Âge-début du xixᵉ siècle)".
La etimología no nos engaña, ambos términos derivan de la palabra latina diploma, y es que es imposible concebir la actividad diplomática en ausencia de documentación justificativa que haga referencia a los acuerdos alcanzados por ambas partes. El documento emanado por la diplomacia, por su propia naturaleza extraordinaria, no está sujeto en principio a la regularidad de la documentación expedida por cancillerías u oficinas notariales, siendo difícilmente clasificable dentro de los estándares y las taxonomías de la ciencia diplomática.
Nuestro objetivo es analizar los patrones de producción documental de la diplomacia medieval. Como esta se ejerce en un contexto de patrimonialización de los poderes políticos, siendo ejercida personalmente por diferentes señores jurisdiccionales y con la ausencia de un derecho internacional efectivo, por lo que en ocasiones se utilizaran diversos mecanismos documentales: cancillería, notariado, documento privado. Asimismo dentro de la complejidad del proceso legal diplomático, la documentación da respuesta a estas necesidades con una rica tipología documental a estudiar, compuesta por poderes, acuerdos, ratificaciones, instrucciones, memoriales...



Cerimônias régias e práticas diplomáticas: contribuições a partir das narrativas de viagem quatrocentistas
Dr. Douglas Mota Xavier de Lima (Universidade Federal do Oeste do Pará)

Uma das principais expressões do desenvolvimento do poder régio nos finais da Idade Média são as cerimônias reais, exemplo da relação entre poder e cerimonial e instrumento de comunicação política das monarquias. A renovação da história política e as novas tendências nos estudos sobre a diplomacia têm explorado a importância dos cerimoniais para o poder régio e para a compreensão das práticas diplomáticas do período. Tomando como base o caso português, existem diversas narrativas de viagem relacionadas a casamentos e embaixadas que contribuem para a identificação das práticas de recepção e negociação diplomáticas, assim como para a problematização dos aspectos cortesãos que caracterizam a diplomacia e os embaixadores do período. Além disso, busca-se demonstrar que a comparação das narrativas permite evidenciar tanto os novos contornos de espetáculo que as cerimônias da realeza foram ganhando ao longo do século XV, como a preocupação do poder régio com a propaganda política externa







COMUNICAÇÃO POLÍTICA: CENTRO E PERIFERIA


Managing Diplomatic Relations at the Papal Curia: Gregory IX, the Iberian Kings and the Emperor
Dra. Maria João Branco (IEM - Universidade Nova de Lisboa)

As it is widely known, with Gregory IX’s accession to the Papal Throne,  the  intensity, quality and quantity of problems and questions around the old  debate on the supremacy of Spiritual over Temporal Power grew exponentially, ultimately leading to  the pivotal moment  in which his successor, Innocent IV, decreed the deposition of Emperor Frederick II at the Council of Lyons 1245, and to the withdrawal of  Sancho II from office one week later.
Such process was accompanied by a parallel development in contacts and exchanges between the royal, imperial and pontifical courts. Consequently, the number of men being sent and returning from Rome, in order to handle the Royal, Imperial and Papal affairs, reached heights never experienced before, only to be paired by the growth in the sophistication of the argumentation and rhetoric deployed especially by the Papal chancery, but also by the royal and imperial envoys.
This paper aims at exploring the years of Gregory IX’s pontificate, in order to try and ascertain how diplomatic relations were handled at the Papal Curia, in what concerns the Iberian Kingdoms in particular, and, closely connected with those, the Empire, whose interests were soon to overlap with Castile’s King Alfonso X  imperial claims. The idea is to compare the type and frequency of problems and the problem solving strategies used by both parties, and to observe  how the political communication was handled by Rome  and the above mentioned polities in order to try and determine whether there was a pattern of ritualistic behaviour and address common to them all, or rather a differentiated treatment according to problems and/ or geographical/ political identities.



Em nome do rei em tempos de crise: Portugal e a prática da diplomacia no final de Trezentos
Dra. Hermínia Vilar (CIDEHUS - Universidade de Évora)

Pendente



Multilayered Networks: the Political Geography of Italian Diplomacy in the Early Renaissance (1350-1520)
Dra. Isabella Lazzarini (Università de Molise)

A map of diplomacy centred on the Italian peninsula between 1350 and 1520 results in a very complex picture of political protagonists and diplomatic features. International and infra-national as well as formal and informal political actors contributed to a geography of diplomacy which was both multilayered and multifaceted. Thus, an overview of the ‘political geography’ of diplomacy should firstly include legitimate and recognized lords and regimes, and encompass many geopolitical networks, from local contexts to the European and Mediterranean world. These different circles of authority and representation, however, did not necessarily create a rigidly defined geography. Furthermore, less autonomous or legitimate territorial and non-territorial powers participated in diplomatic interactions, exercising at times some very effective political agency. Finally, no straight or rigid boundaries separated what historians later defined as ‘diplomacy’ or ‘politics’, or ‘international’ or ‘internal’ politics. My communication will deal with all these political actors and negotiation levels intertwining and overlapping in a long Quattrocento that stretches roughly from 1350 to 1520


Relaciones protocolarias entre concejos castellanos: de las cartas de hermandad a las misivas
Dra. María Josefa Sanz Fuentes (Universidad de Oviedo)

Pendente


A minoria muçulmana e os contactos diplomáticos com o dar al-Islam
Dra. Filomena Barros (CIDEHUS - Universidade de Évora)

Durante o período medievo, elementos da minoria muçulmana foram emissários do monarca português a territórios islâmicos,  tanto ao reino de Granada, com deslocações de que a documentação guardou alguns elementos, quer mesmo ao Cairo, em contactos com o sultanato mameluco, de que apenas um testemunho foi  preservado na Biblioteca Nacional de Paris. Este papel mediador, similar, de resto, ao que se verifica também  com Aragão, passa, contudo, no reino português, por uma particularidade, a que envolve apenas indivíduos da comuna de Lisboa nestas missões. As relações privilegiadas que se estabelecem entre o rei e esta comunidade, nomeadamente pela aplicabilidade do foro de Lisboa ao conjunto das comunas muçulmanas do reino, parece impelir a uma situação que remete os serviços  régios, e não  apenas os de índole diplomática,  aos servidores  do monarca, entendidos como muçulmanos  olissiponenses.


Negociando a paz: tréguas e capitulações na fronteira entre o al-Andalus e a Hispania Cristã (1212-1249)
Dr. Hermenegildo Fernandes (CH - Universidade de Lisboa)

Pendente






PROTAGONISTAS DA DIPLOMACIA MEDIEVAL


Comunicar y negociar por el rey: los eclesiásticos al frente de embajadas en la diplomacia castellana
Dr. Óscar Villarroel González (Universidad Complutense de Madrid)

En la presente comunicación se pretende profundizar en el conocimiento de la presencia de eclesiásticos en la diplomacia regia por medio del análisis de su presencia en la dirección de misiones diplomáticas. Su manejo de las actividades propias del cargo, su actuación en la misión, así como las formas de comunicarse con el monarca, serán objeto de atención, de forma que se pueda formar una idea del papel que asumían y su capacidad para ello. A partir de la documentación conservada, que para el XV empieza a tener cierto peso, mi intención es analizar el papel de algunos eclesiásticos que tuvieron notable relevancia en el ejercicio de esas funciones.



El clero en el contexto diplomático de la Guerra de los Cien Años: una mirada desde las crónicas oficiales peninsulares
Dr. Francisco José Díaz Marcilla (IEM - Universidade Nova de Lisboa)

El objetivo principal de esta ponencia será el de presentar unos primeros resultados del proyecto postdoctoral que estoy llevando a cabo sobre la narrativa historiográfica oficial como fuente para conocer mejor el papel que los eclesiásticos – seculares y regulares – han tenido en el contexto de la Guerra de los Cien Años.
Con un foco especial para las crónicas portuguesas y castellanas, se tratará de esbozar un primer análisis de los datos en torno a tres niveles de lectura: 1. los protagonistas religiosos de los pasajes cronísticos que hablan de relaciones diplomáticas; 2. la visión que se transmite de la Iglesia en cuanto grupo de acción en terreno diplomático, entendida como un todo; 3. la religiosidad asociada al hecho diplomático tal como reflejada en las crónicas.
Elementos inherentes a este análisis serán, obviamente, la repercusión que los autores de las crónicas han tenido sobre sus propias obras (intencionalidad y dependencias), así como las diferencias de discurso entre autores de un mismo – o distinto – origen.


O papel da nobreza portuguesa na diplomacia medieval
André Coelho (CIDEHUS - Universidade de Évora)

Os estudos desenvolvidos nas últimas décadas sobre a nobreza quatrocentista têm realçado a importância do serviço régio enquanto estruturador social e de distinção no interior do próprio grupo. Neste sentido, a diplomacia, a participação em embaixadas e missões em representação dos monarcas de Avis, será encarada como uma das facetas do serviço ao rei, que pelas suas implicações se revela de especial importância. Assim, a partir de casos exemplares de embaixadores e procuradores que serviram os reis D. Duarte e D. Afonso V, irá refletir-se sobre as circunstâncias da participação da nobreza portuguesa em missões diplomáticas durante o século XV e o significado desse tipo de serviço enquanto fonte de capital social e político para parte desse grupo social. 


Notários e Diplomacia na Idade Média
Ricardo Seabra (Universidade do Porto)

O diálogo e a argumentação sempre foram fundamentais para toda a actividade diplomática. Todavia, a importância da escrita para a Diplomacia entre países é inquestionável: negociações, alianças, tratados, tratados comerciais, planos de colaboração política, petições de paz e ajuda – toda esta actuação tem de ficar devidamente registada por escrito. A nossa comunicação trata especificamente o período compreendido entre os séculos XIV e XV na Península Ibérica, com especial relevância às relações entre o reino de Portugal e Castela. Através de algumas colecções documentais tivemos acesso a vários contratos jurídicos de foro de Direito Privado (negotia), entre as quais diversas tipologias escrituradas por notários. A partir destas mesmas fontes procuraremos apresentar uma breve análise da participação desses notários e da sua actividade na diplomacia ibérica medieval, debruçando-nos sobre a sua actividade no que diz respeito ao seu ofício, percursos, e carreiras, assim como estabelecer um perfil comum entre estes agentes


Procuradores y letrados al servicio de la diplomacia de los arzobispos de Toledo (Siglos XIII-XIV)
Dr. Francisco de Paula Cañas Gálvez (Universidad Complutense de Madrid)

Paralela al proceso de formación, desarrollo y consolidación de las estructuras áulicas y burocrático-administrativas que se fueron configurando en el seno de las cortes episcopales castellanas a partir del siglo XIII, fue la aparición complementaria de un cuerpo diplomático privativo de estos ámbitos áulicos cuya labor resultó indispensable para la progresiva materialización de los programas políticos, representativos y propagandísticos de afianzamiento del poder eclesial que los prelados castellanos, como grupo preponderante en la sociedad bajomedieval, necesitaban para afianzarse en el contexto de las relaciones institucionales y políticas que por entonces mantenían dentro y fuera de las fronteras peninsulares.
Dentro de este largo y complejo proceso de consolidación institucional, la corte arzobispal de Toledo cobró, por razones derivadas de su primacía, un especial protagonismo que desde fechas muy tempranas se fue acentuando hasta alcanzar durante el siglo XIV uno de sus puntos culminantes dentro del contexto marcado tanto por las particularidades propias de la política castellana como por el difícil escenario que el Cisma de Occidente impuso en toda la Europa cristiana.
La corte toledana contó para el ejercicio de esta compleja labor con una élite intelectual de letrados, expertos en Derecho y procuradores destinados a atender las distintas necesidades diplomáticas que se les fueron presentado a los arzobispos de Toledo en aquellas centurias de extraordinaria dificultad política, eclesiástica e histórica.



A participação de letrados nas embaixadas portuguesas do final da Idade Média
Diogo Faria (CEPESE - Universidade do Porto)


Analisando o pessoal diplomático que circulou entre Portugal e Castela de 1392 a 1455, Isabel Beceiro Pita assinalou uma progressiva preponderância dos elementos letrados nas embaixadas, como reflexo da evolução da composição dos Conselhos Régios dos dois reinos por essas décadas. O objetivo desta comunicação será analisar esse fenómeno numa cronologia mais longa (entre os reinados de D. João I e D. João II, ou seja, de 1385 a 1495) e tendo em conta um quadro geográfico mais alargado (que abarque a generalidade das potências com quem Portugal tinha relações diplomáticas). A apresentação dividir-se-á em três partes: i) a primeira será dedicada às visões coevas sobre quais deveriam ser as características dos embaixadores, de acordo com testemunhos portugueses (Conde de Ourém, Damião de Góis) e estrangeiros (Bernard du Rosier, Philippe de Commynes); ii) seguir-se-á exposição e análise dos dados sobre a participação de letrados em missões diplomáticas portuguesas entre 1385 e 1495, com base em estudos parciais (Alice Santos, Tiago Viúla de Faria, Isabel Beceiro) e em investigação original; iii) por fim, na sequência dos dois pontos anteriores, e focando em particular o caso dos letrados, refletir-se-á sobre o processo de seleção de diplomatas em Portugal no final da Idade Média, tendo em conta o seu perfil social, a sua formação académica, as suas qualidades pessoais e políticas e a sua ligação aos monarcas. 


“Augmenter le fait de la marchandise”. Exemplos de diplomacia comercial tardomedievais
Dr. Flávio Miranda (IEM - Universidade Nova de Lisboa / CITCEM - Universidade do Porto)

T. H. Lloyd é um dos poucos historiadores a ter utilizado, até ao momento, a abordagem da ‘diplomacia comercial’ num estudo sobre relações económicas externas, num livro de 1991 sobre o comércio anglo-hanseático (England and the German Hanse, 1157–1611. A Study of their Trade and Commercial Diplomacy). Escolheu essa abordagem devido às “preocupações e à natureza circunscrita” da liga hanseática na defesa e na promoção de objetivos político-económicos muito específicos, mas também por ter identificado o surgimento de uma “política económica nacional” no reino de Edward IV (r. 1461–83) de Inglaterra, que se insere neste conceito.
Com base na história do comércio externo português, poder-se-ão identificar elementos de uma “diplomacia commercial” para os séculos XIV e XV? Se sim, como é que surgiram, quem é que foram os seus intervenientes e de que forma é que essa diplomacia commercial evoluiu ao longo dos tempos? A diplomacia comercial terá permitido “aumentar os feitos” ou as trocas mercantis internacionais?
Através do estudo de documentação portuguesa, inglesa e borgonhesa das centúrias de 1300 e 1400, esta comunicação procurará responder a estes problemas ao estabelecer relações entre a diplomacia e o comércio. Entre as principais hipóteses e conclusões, argumentar-se-á que a génese da diplomacia comercial teve origem mercantil e informal, mas que foi absorvida por um ‘estado’ cada vez mais centralizador a partir de finais do século XIV. Por fim, apresentar-se-á alguns elementos para uma reconfiguração da diplomacia comercial a partir de meados do século XV.